quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Estreia oficial em passeio de BTT


De regresso ao meu cantinho! As pausas letivas servem para isto mesmo... atualizar as minhas aventuras e desventuras, agora, ao sabor do pedal.
A narrativa que se segue ocorreu no dia 9 deste mês. A Associação Fridão sem Limites , para comemorar o seu 5º aniversário, organizou uma prova de trail e um passeio de BTT. Alguns dos seus elementos convidaram-me para estar presente. Inicialmente pensei em ir apenas para o registo fotográfico. Contudo, um bichinho começou a "roer" a vontade e curiosidade de fazer o passeio de BTT. Entretanto, o Ze K Fotografia ajudou à festa e incentivou a que a moçoila se atrevesse a fazê-lo, uma vez que iria sempre alguém a acompanhar. O Pedro Pinto também deitou lenha na fogueira e atiçou a minha participação. Confesso que andei ali uns dias com um daqueles nervites miudinhos, aquela ansiedade aparvalhada, as palpitações desarticuladas e aqueles receios infundados. Mas depois pensei: "Afinal, alguém tem de ser o último!". 
Antes do arranque...  todos bonitos e cheios de frio!

Domingo dia 9. Manhã fria e nevoeirenta. Saí de casa e pedalei até Fridão. Quando cheguei ao local da concentração ainda eram poucos os atletas e ciclistas aparcados. Encontrei logo o Pedro Pinto e o Carlos Gonçalves, de máquinas em punho para fotografar e gravar o evento. Alentaram-me, dizendo que fosse tranquila e sem problemas. O Ze K apresentou-me os dois elementos que iriam de "vassoura", Helder Pinto e António Teixeira. Os dois guardiões da retaguarda do passeio... precisamente onde eu fiz questão de me posicionar. 
Os atletas do trail concentraram-se no primeiro pórtico. Os ciclistas/betetistas estavam no segundo. Olhei à minha volta e qual não foi o meu espanto quando concluo que não havia mais nenhuma mulher a participar neste passeio! " Mãezinha, a tua filha era a única pirralha, ali, sobre os pedais! Maluca!". Surgiu uma ambivalência de sentimentos: receio e orgulho. Vamos lá perceber isto!
Partida! Os betetistas seguiram atrás dos corredores, eu seguia atrás dos betetistas, apenas para não provocar acidentes.
UIII... que ela aqui vem!

O percurso escolhido foi classificado com "dificuldade média". Mandei a média dar um giro e segui caminho. Entre campos escorregadios, caminhos de cabras, galhos espalhados, manta morta por todo o lado, seguia na roda de alguém. Alguns locais eram novidade para mim. Os chamados "singletracks", mas levava em mente que tinha de os fazer. "Concentra-te, tu concentra-te!".  O António tentou acompanhar-me o máximo de tempo, mas uma ou outra situação que surgiu para socorrer alguém que "quebrou", fez com que tivesse de fazer uma parte do percurso sozinha. Orientada pela sinalética avancei por subidas manhosas, com muita pedra à mistura, seguidas de caminhos mais tranquilos e reparadores de energia.Tentava absorver o quadro que me rodeava. Entre o nevoeiro que se dissipava, surgia a vegetação ilumidada pelo sol envergonhado. Aquela visão encheu-me a alma. Aquela paz, onde ouvia apenas a minha respiração e os pneus a cumprimentar cada metro de chão...

Nas descidas sou (ainda) um tanto ou quanto medricas. Mais atenta e cautelosa os travões entraram em ação. Numa das descidas mais acentuadas dei boleia à bicicleta. Não queria causar danos nos pedregulhos. Típico de principiante. As subidas... bem, devagar, devagarinho sem ser quase parada, fi-las. Depois mandaram-me para a lama. Terrível! Parecia que alguém me estava a puxar para trás... mas "aguenta moça, que não há reboques". 
Já na companhia dos "vassouras" e de outro betetista, pensando nós que encerrávamos o passeio, seguimos tranquilos, conversa aqui, risada ali, piada acolá e fotografia acoli...
Nuno, António, Moi Meme, Tóquim e Helder
chegámos ao abastecimento, em Vieiros. Oh miminho tão bom! Isto de pedalar monte acima, monte abaixo, dá larica!!
Miminho com a Rosa Soares
Terminado o breve repasto, segui sozinha. Já conhecia o itinerário e despachei-me mais um "danoninho". Quer dizer, despachei-me até aparecer um ziguezague marado, técnico, curvado... só mesmo para calejados no assunto. O Pedro Pinto, o Carlos Gonçalves e o Helder quase disseram em uníssono "desmonta!!". Como não sou de contrariar ninguém, fiz-lhes a vontade. Voltei à carga uns metros abaixo. Dali ao campo eram mais uns escassos minutos. Cheguei ao pórtico acompanhada pelo Helder, achando que era a última. Fiquei surpresa ao ver mais 3/4 ciclistas a chegar depois. (vaidosa).

Cheguei.. inteira, sã e... feliz!
Adiante... terminei um passeio fantástico, sem qualquer registo de queda, mas com a alma a transbordar de satisfação. Só temos a real noção do que somos capazes de fazer... ao fazê-lo.
Mais uma vez agradeço à Associação Fridão sem Limites pelo convite, pelo incontornável apoio,  incentivo, alento e por nos terem proporcionado um percurso esplêndido. 
Ao Helder e ao António, muito obrigada pela escolta e pela paciência. Obrigada, Pedro Pinto e Carlos Gonçalves, pelos registos fotográficos, vídeo  e pelas palavras de apoio.  
Ficou aqui a "rabiar" a vontade de participar num outro passeio, algures, por aí! 





domingo, 7 de outubro de 2018

De Chaves com cheirinho a Verín (3º PEN)

Chaves - Rio Tâmega

Disposta a fazer a Ecovia Transfronteiriça do Tâmega, Chaves - Verín, encaminhei-me, bem cedinho até Chaves. Quando lá cheguei já me aguardava o Valter Alves e uns digníssimos 2,5 graus. Um calor outonal muito estranho, como se deve supor.
Enquanto aguardávamos por mais duas companhias do pedal, fomos tomar um café e comer o típico, delicioso e quentinho pastel de Chaves. 
Quase não deu tempo para o registo!
Seguiu-se o aquecimento para a empreitada que se avizinhava. Circulamos pela ciclovia das margens do Rio Tâmega que conformam o Parque Urbano da Cidade. Durante os 7 kms que perfazem este percurso bem pensei que congelava os dedos das mãos ou alguma parte em mim, exposta a estas aragens. O Sol, timidamente, decidiu tomar as rédeas da situação e foi aquecendo enquanto o Nuno e o Alexandre não chegavam. 
Já passava das 9:30h quando iniciamos a viagem... 

Esta Ecovia percorre toda a margem esquerda do Tâmega, entre vegetação ribeirinha, unindo as duas cidades através de um corredor de um valor ambiental indiscutível. É um paraíso para as aves e a fauna do rio. Com um piso maioritariamente de terra e plano, apresenta um nível de dificuldade baixo. 

Sinalização vertical e... sonora (cães a ladrar)
O ritmo do grupo era mesmo de passeio (não fosse eu ali, a comandar as tropas na retaguarda). Não pensem que sou lenta... apenas o guia levava as coordenadas do percurso todas trocadas e enganou-se, no mínimo, algumas vezes. Bem, estou a exagerar! As indicações ao longo da via não eram muito claras e induziam ao erro. Este trajeto peca pela má marcação.

Fronteira: eu em Portugal, eles em Espanha!
Com os enganos e retornos fomos "perdendo" tempo. Dado o avançado da hora consideramos, por unanimidade, não prosseguir até ao final da ecovia. Ainda corríamos  o risco de nos perder e dar a uma qualquer casa com um assado na mesa.

Verín é ali à frente... 
Fizemos o regresso já a um ritmo mais apressado. Não me admirei. Afinal tinham decidido que beberíamos um "caña" antes de entrar em Portugal. Foi um ver quem chegava primeiro que só visto. Quase houve atropelos e quedas na água... estou a brincar... eu passei um curto e estreito (para mim) passadiço, sobre um ribeiro, com a zica à mão e os rapazes não se atreveram a ir ao meu lado quando passámos bem perto do rio.
A poucos metros da antiga fronteira parámos para a bem abençoada, bendita, bem pensada e bem fresquinha caña. Só de olhar a foto ainda me está a saber bem...


Merecemos!

Posteriormente as pernas ficaram um tanto estranhas mas deu para acompanhar os mister "speeds".
Chegámos ao ponto de partida inteiros, sãos, salvos e sem arranhões nem pisaduras de 3º grau (esta parte era só para mim), graças ao facto da inexistência de barreiras separadoras nem obstáculos que assustassem a bicicleta. 

Obrigada, miúdos (Valter, Nuno e Alexandre)!
Para finalizar esta resenha, tenho de confessar que preciso ali voltar para concretizar a ciclovia, na integra. 
O passeio em si foi extremamente agradável. Percurso tranquilo e companhia excecional. Não deu para muitas fotografias porque os PRO levantavam muito pó. A parte negativa mesmo foi o motoqueiro que vinha em contra mão. Mas creio que já tivesse no bucho umas quantas cañas... digo eu!
Companheiros do passeio, a vós tiro o chapéu (capacete) pela boa vontade em me acompanhar neste meu propósito e paciência em me aturar. Imensamente grata pela prazenteira manhã e pelos ensinamentos que me foram dando.
Até breve!


quarta-feira, 12 de setembro de 2018

2º PEN - Ecopista Guimarães/Fafe

Parque da cidade de Fafe
"Em meados dos anos 80 a antiga linha ferroviária que unia as cidades de Guimarães e Fafe foi desativada e transformada em ecopista. Em 1996, o Município de Fafe, abriu ao público a Pista de Fafe, com uma extensão de sete quilómetros, desde Fareja até Foz, estendendo-se por zonas predominantemente rurais. Em 1999, o Município de Guimarães completava o trajeto e inaugurava a Pista no concelho, fazendo a ligação entre a Fareja e a Devesa, na freguesia de Mesão Frio, com um percurso de cariz mais suburbano. A Ecopista Guimarães-Fafe vai desde a freguesia de Mesão Frio, a cerca de três quilómetros do centro de Guimarães até ao lugar de Foz, a cerca de um quilómetro do centro de Fafe. Ao longo de toda a sua extensão a ecopista é intersetada diversas vezes por cruzamentos com estradas principais e secundárias, proporcionando aos utilizadores múltiplos acessos de entrada e saída. É também ladeada por zonas arborizadas, que permite a quem nela circula."




Voltei a atrasar-me com o resumo. Sol, colocação, saídas e outros afins ausentaram-me do Blog. De hoje não podia passar.
27 de agosto o trio "desaparafusado" regressa às pedaladas para cumprir mais uma ecopista prevista no PEN (Plano de Ecovias a Norte). Desta vez escolhemos a pista que liga a cidade berço a Fafe. 
Início da pista, Guimarães

Kit completo de manutenção
Arrancamos a pedalar, de Vizela, por volta das 8h da manhã. Estava com um nervoso miudinho por ter de andar em estrada. Os carros ali mesmo ao lado, dobrar a atenção para o piso e mais ainda com a sinalização. O percurso Vizela/Guimarães deixou-me desassossegada, mesmo tendo o Flávio na frente e o Ramiro na retaguarda.
Afinar os parafusos
 Chegados ao inicio da ecopista, em Guimarães, relaxei mais um pouco. À medida que avançamos pude observar o Castelo de Guimarães, bem lá ao fundo. Passámos mesmo abaixo do teleférico da Penha. O panorama sobre a cidade era magnífico. Depressa constatei que parte desta via é urbana. Cautela no máximo. 
20 kms feitos desde Vizela e já passamos a circular na pista, sem o movimento citadino. A manhã estava a aquecer. A conversa sempre animada, não fossem aqueles dois uns desaparafusados do catano. 
O trajeto até Fafe é fluido, rápido e belo.
teleférico


Castelo de Guimarães ao fundo
Com a chegada a Fafe, as interseções  com cruzamentos aumentaram o que nos obrigou a circular com mais precaução. Um ou outro incidente com dois automobilistas, mas chegamos ao fim da pista. Fizemos o devido registo no parque da cidade, com um fundo divinal.
Fim de linha... volver!


Momento de pausa. Um café e uma nata na pastelaria da esquina.(já não me recordo do nome). Repor energias para regressar ao caminho.
Pausa... sem kit-kat

No retorno o Sol já apertava um pouco. E se descemos até Fafe, agora era a subir. O Flávio aplicou um ritmo confortável e ligeiro, mas sem ter de ir a "lagartar". Segui na roda dele e o Ramiro ladeava-me para eu não ceder. A média do treino estava dentro do previsto, mesmo na condição de passeio.


Em Guimarães o "BOSS" quis fazer uma volta extra. Uma descida desvairada... para que a miúda aqui a subisse... e subi. :)
Parque de Vizela

Dali regressamos a Vizela. A façanha de pedalar na estrada entrava novamente em vigor... e a ansiedade também. Mas tudo correu bem. Na parte final ainda fomos dar umas voltinhas no circuito de btt do parque. Depois bem, depois foi sempre a subir até ao carro.
Oh treininho bommm! Mais uma manhã memorável, mais um trajeto percorrido, mais uma companhia inigualável e mais um registo para a posterioridade.
Imensamente grata ao Flávio e ao Ramiro por se disponibilizarem a acompanhar-me neste meu roteiro ciclístico e pelo incansável apoio nesta nova fase que me encontro.

Em breve nova "aventura". 






sábado, 1 de setembro de 2018

1º PEN - Ecopista da Linha do Tâmega


"A Ecopista da Linha do Tâmega está implantada nos concelhos de Amarante, Celorico de Basto e Cabeceiras de Basto, ligando a cidade de Amarante à vila de Arco de Baúlhe, numa extensão total de 39 kms. No concelho de Amarante, estende-se por 9 kms, ao longo do vale do Tâmega, permitindo o contato direto com o património natural, cultural e histórico. A pista tem uma largura constante de 3,5 m de pavimento betuminoso cor de terra.
Esta Ecopista percorre uma das mais belas linhas ferroviárias do país, permitindo o contacto direto com o património histórico e natural envolvente, nomeadamente as muitas aldeias e pontes que atravessa em toda a sua extensão, as paisagens verdejantes de inigualável beleza e zonas agrícolas."
Imponente e magestosa
20 de agosto. Uma segunda feira que se previa muito quente. Combinei com o Flávio e o Ramiro percorrer a linha do Tâmega, na integra, dando assim início ao PEN (Plano de Ecopistas a Norte). Começamos a empreitada por volta das 9h da manhã. O percurso tem uma ascensão de quase 4 km até ao Túnel de Gatão.
Túnel de Gatão
Bom para fazer aquecimento. O Flávio seguia à frente para marcar o ritmo. Até à estação da Chapa a antiga linha ferroviária é ladeada de zonas verdejantes e sombreadas.
"Queridos" separadores
O senão são mesmo os 28 separadores nas passagens até à estação da Chapa, uma vez que, se não se fizerem com cuidado, são convidativos para as quedas. A partir dos 9,5 kms o piso e a paisagem mudam.
Adicionar legenda


Vale a pena a pausa
Passa a ser terra batida e a paisagem mais aberta. O Rio Tâmega é a principal referência desta via verde. Do princípio ao fim, a Ecopista percorre a margem direita do rio, nas encostas viradas a Nascente.
Ali já é Braga (distrito)
Subimos até Codeçoso num ritmo confortável. Apreciamos o vale, os montes e sentir o sol a torrar. Ao fim 3 km de terra batida, entramos no distrito de Braga e com ele um novo piso e a necessidade premente de uma limpeza das bermas (acrescento que, após esta incursão, a limpeza está a ser efetuada).
Invasão na pista
O passeio estava a decorrer como previ: tranquilo, muito animado e reconfortante. Chegamos a Celorico. Esta e
stação é o espaço central desta ecopista.
Celorico de Basto
De Celorico à Estação de Mondim, foi um ápice. Vimos muitas pessoas a caminhar e outros ciclistas a percorrer esta via. Ao longe estava a imponente Sra da Graça, no Monte Farinha. Não saiu do nosso campo de visão até ao Arco de Baúlhe. 
Pausa
De Mondim ao Arco a pista é muito acessível, apenas com ligeira subida até Canêdo.  Depois é sempre a descer até à estação do Arco de Baúlhe, final da linha. Em toda a via a paisagem é magnífica. Muito verde, muita sombra... muita natureza. Um passeio tranquilo, apenas com a preocupação de passar os separadores sem medir o chão com os joelhos ou as mãos. 
Chegados ao Arco, o sentimento foi de euforia. Tinha cumprido parte do meu objetivo.
Os três da vida pedalada



As três Zicas

Passava pouco das 11h. Com a temperatura a rondar os 37 graus, decidimos que almoçaríamos em Canêdo, num Restaurante que nasceu após o encerramento da estação.  
O regresso até Canêdo foi sempre a subir (nada de assustador) mas, àquela hora, já dava vontade de comer qualquer coisita. Descontraídos e animados seguimos numa rodada certinha... até chegar ao separador que antecede o restaurante. O Flávio e o Ramiro passaram, relutantes. Eu ia passar... mas caí primeiro e fui verificar a temperatura do chão. Não me magoei, apenas lamentei não terem registado!




Sentados à sombra de uma figueira, com a sra da Graça no horizonte, deliciámo-nos com um franguinho estufado e uns finos... traçados, porque ainda havia o retorno para fazer.  
Um brinde aos amigos "desaparafusados"



Por volta das 13h regressamos ao caminho. A temperatura já rondava os 40 graus.
calorrrr
A vantagem daquela linha são as sombras das árvores. Mesmo assim, foi necessário beber frequentemente e molhar o corpo. Numa "roda" marcada pelo Flávio, chegamos ao Túnel de Gatão. A partir dali, eram apenas 4 kms a descer tranquilamente. Terminamos os 82 kms de percurso em 4h e 15m. A meu ver foi excelente.
Completei assim a minha primeira Ecopista em excelente companhia de dois bons amigos. Muito obrigada por se disponibilizarem a acompanhar-me neste meu desafio. Além de me motivarem, proporcionaram-me uma um dia fabuloso.

Segue-se a Ecopista Guimarães/Fafe.





sexta-feira, 24 de agosto de 2018

O regresso na variante do pedal

Zica vaidosa

Há fases de tudo quando se tem um blog. Aquelas em que temos assunto e vontade de registar a cada altura e circunstância. Depois há aquelas em que, simplesmente, não há ânimo nem entusiasmo para o fazer. Foi isso que aconteceu nestes últimos 3 meses! 
Mas agora estou de volta! 

Em meados de maio pude concluir que a corrida teria de ser deixada de parte. A protusão veio para me atazanar o ato de calçar as sapatilhas e galgar asfalto. Como necessitava de algo que me mantivesse ativa, um alguém (especial) desafiou-me a recomeçar a pegar na bicicleta. Antes disto, quero acrescentar que era uma trenga a andar. Aprendi com 22 anos e estive 21 anos sem pedalar. 
Com a motivação em alta, nos finais de maio pego na bicla do meu filho e vou-me testar. Não me sai mal. Entretanto surge a ideia de adquirir uma bicicleta à minha medida e adaptada à minha elementar experiência. Na primeira oportunidade fomos tirar as medidas à magrela. Após uma análise à dita, de quem percebia do assunto, a aquisição foi feita.
Dois dias depois colocou-me à prova num trilho (dito fácil) para quem estava habituado, mas complicado para uma caloira como eu. Claro está, senti aquilo como um desafio e disse para os meus botões: "em breve volto cá e faço-o na boa!".  
Aguçou a minha vontade e devolveu o meu entusiasmo por uma nova atividade. Estava empolgada e animada. Grata por me despertar e não me deixar consumir pela deceção de não poder correr. 
Ironia das ironias... este alguém que me motivou e incentivou saiu do cenário que eu tinha idealizado como desafiante e próspero. "Esbardalhei-me" num estranho trilho emocional. Todavia, quem cai... levanta!
Versão positiva dos factos: tenho uma zica que dá para desenrascar, ânimo para pedalar, energia para melhorar e amigos para me auxiliar. 
Esta parte dos amigos é a mais curiosa. Cada vez mais creio que nada é feito ao acaso. Alguns já se juntaram a mim para me ajudar a desenrascar em trilhos (Quintandona). A melhorar o meu ritmo com indicações e dicas importantes.
Numa conversa informal com o Miguel Cruz (conheci-o aquando do Mountain Quest) sobre fotos, pedaladas, recuperação de lesão e percursos, este envia-me um ficheiro com as ecovias, ciclovias e ecopistas do norte do país. Olho e analiso aquilo e, de repente, surge-me uma ideia (agora vocês têm que imaginar uma expressão assemelhada a EUREKA!). Para me aventurar em trilhos matreiros e complexos, tenho de ganhar traquejo e cadência a pedalar. Nada melhor que percorrer todas as ecovias... ou as mais extensas! Assim criei o meu PEN (Plano Ecovias a Norte). 
Naturalmente que teria de começar pela ecopista que me fica mais perto e onde tenho feito a maioria dos meus trajetos em cima do selim. Ecopista do Tâmega. 


Deste modo, o próximo post será dedicado à descrição do dia 20 de agosto, dia em que percorri, na integra, a ecopista que liga Amarante a Arco de Baúlhe, na companhia de bons amigos (desaparafusados) mas bons amigos. 
Por estes dias sai o primeiro resumo do PEN. 



domingo, 13 de maio de 2018

Andanças pelos Passadiços do Vez


"A aldeia de Sistelo situa-se no concelho de Arcos de Valdevez, em pleno Parque Nacional da Peneda-Gêres, junto à nascente do rio Vez. Marcelo Rebelo de Sousa promulgou em 28 de dezembro de 2017, a classificação como Monumento Nacional da paisagem cultural da aldeia de Sistelo considerado o ‘pequeno Tibete português’. A aldeia de Sistelo faz parte da Reserva Mundial da Biosfera e é candidata a património mundial da Unesco." por Aldeias de Portugal


Resolvi atender à chamada do evento "Passadiços de Sistelo" promovido pela Green Trekker, nas mão do Diogo Sá Lima e Luís Bragança. Motivos: querer bisbilhotar o outro lado do PNPG. Sair da zona do Gerês e avançar para a Peneda. Depois há um alguém dessa zona que me anda a aguçar a curiosidade destas belezas naturais. 

Sábado, 12. Cheguei a Sistelo meia hora antes do agendado. Sinal de rede no tlm ficou a zero. Incontactável para o mundo.
O grupo começou a aglomerar-se na Tasquinha da "tia Amélia", pois a chuva decidiu batizar o evento. Entretanto a chuva cessou. O Diogo fez um breve briefing e deu início ao primeiro andamento. 

Começamos com um aquecimento aos quadriceps e um teste anti derrapagem num escadario milenar, musgoso e propenso a boléus, em caso de distração.

Fizemos uma breve incursão à volta da aldeia. Atravessámos pontes romanas, subimos calçadas e até as vacas quiseram aparecer no cenário de visita. Isto tudo com a música de fundo das águas do rio. 








De regresso ao ponto de partida e, após todo o grupo reunido, seguimos em direção aos afamados passadiços, integrados na Ecovia do Vez. (segundo andamento)
Descer uma calçada acabada de ser regada com uma chuvada, atenção ou sai "trambolhada". Lá se desceu sem incidentes. 


Naturalmente ia conversando com quem estava por perto, e, naqueles confins, fui encontrar uma pessoa que tem familiares em Amarante. Incrível!
Conversa aqui e ali, a natureza conspirou a que me juntasse, naturalmente, a um grupo de meninas de boas colheitas (não fossem elas de 74) a Sandra Fernandes e a Teresa Reis. :P
Sandra e Teresa

O percurso, esse era de um encanto só. Verde e mais verde. O som da água era o tranquilizante natural.




As conversas eram tranquilas e tudo servia para rir. A animosidade foi uma constante.

Entramos nos passadiços. Aviso, perigo de escorregar. Sem dúvida, todo o cuidado era pouco, principalmente, junto às quedas de água. 
Antes do esbardalhanço do tlm

Por sorte ninguém escorregou... quer dizer, um telemóvel escorregou das mãos da Sandra Fernandes, derrapa pelo passadiço e... aparece uma amarantina e salva o dito de cair no mato. Nada de heroismos, até porque o pequeno ficou riscado. Mas vá, evitei que a Teresa (dona do tlm) e a Sandra (responsável pela queda) tivessem um colapso momentâneo. 
Carinhas de alivio. Tlm salvo!

A partir daqui a animação aumentou. O ajuntamento de mais como nós também. A não esquecer o percurso. Esse inspirava até as pedras do caminho. Sentia uma energia extasiante. Tentava absorver tudo aquilo e gravar, registar cada metro percorrido. Queria parar e ficar ali, deitada sobre uma pedra ou o chão virgem e deleitar-me com o esplendor daquela beleza e da paz transmitida pela água. Puro paraíso!





Passadiços chama Elisabete! O convívio foi do mais verdadeiro e simpático que podia haver... e galhofeiro também.






Atenção grupo, queda de água, siga para a foto! 


Semi banho à mistura e prosseguimos para pequenas subidas, descidas num ambiente preservado. 
Nos locais mais altos a paisagem periférica era de cortar a respiração (não era falta de fôlego das subidas). Os socalcos das montanhas, os animais a pastar, um cenário agreste e puro.  




O piso do caminho era variável. Maioritariamente inalterado, apenas existindo intervenção humana em pontos estratégicos, onde, de outro modo, não seria possível a passagem. 
Após 7 kms, chegou a hora de abancar para o almoço. O "restaurante" tinha uma vista priveligiada para o rio. Os bancos tinham formato de pedra corroída pela erosão e as mesas era ao desenrasque de cada um. As casas de banho estavam por todo o lado. Era só escolher. 
Entrada do "restaurante"

É só escolher o lugar


 Meia hora depois, tempo de regressar. Espera! O café!? Faltou o café. Falha do "restaurante". Aqui e ali ouviam-se preces por um café. "Animo, pessoal. Daqui a 7 km temos o café na Tasquinha." 
O regresso à aldeia foi feito de forma mais ligeira mas não menos animosa. Muita conversa e muitos registos fotográficos. Mas os verdadeiros apanhados não consegui apanhar. Naquelas descidas onde a probabilidade de escorregar era maior, eu preparava a máquina... mas ninguém "esbardalhou". E quando alguém tropeçou à minha frente, eu estava perdida a olhar para o rio. Aiiiiii! :D :D :D 
Não cai?

Quem cai???



Neste retorno, mais uma foto perto do "chuveiro". E o grupo mantinha-se ali. 
Chuveiro!!!

O calor e o cansaço já se fazia sentir. A falta do café também. Mas depressa esqueci isso. Entre conversas e incentivos, prosseguimos até à tentativa de foto de grupo. Como era de esperar, fiquei com cara de quem estava a fotografar o fotógrafo (aqui não está a minha cara, mas está o fotógrafo, que também tem direito). 


Um aspeto que não posso deixar de salientar, é que, em geral, os percursos lineares (ida e volta) tornam-se aborrecidos. Este não. Deparei-me com comentários do género "Nós subimos isto?" "Não me lembro passar aqui". Este trilho deixa a sensação de diversidade visual. 
Juntem-se que cabem no enquadramento!
Após 14 kms de beleza ímpar, de convívio fenomenal e de um bom alongamento de pernas, chegamos ao ponto de partida. 
Deixo aqui um enorme agradecimento às meninas e meninos que fui conhecendo pelo caminho e que tiveram a paciência e audácia de me aturar. Acreditem que são pessoas corajosas. :D
Foi, sem sombra de qualquer dúvida, um dia memorável e imensamente fantástico. Obrigada a todos pelo companheirismo e amizade. 
Espero voltar a encontrar-vos, algures, num trilho por aí. ;)


G.P.R.T.

PS: Ao GPRT (Grupo de Preparação da Rota das Tascas) o encontro é numa tasca a marcar. :D