De regresso ao meu cantinho! As pausas letivas servem para isto mesmo... atualizar as minhas aventuras e desventuras, agora, ao sabor do pedal.
A narrativa que se segue ocorreu no dia 9 deste mês. A Associação Fridão sem Limites , para comemorar o seu 5º aniversário, organizou uma prova de trail e um passeio de BTT. Alguns dos seus elementos convidaram-me para estar presente. Inicialmente pensei em ir apenas para o registo fotográfico. Contudo, um bichinho começou a "roer" a vontade e curiosidade de fazer o passeio de BTT. Entretanto, o Ze K Fotografia ajudou à festa e incentivou a que a moçoila se atrevesse a fazê-lo, uma vez que iria sempre alguém a acompanhar. O Pedro Pinto também deitou lenha na fogueira e atiçou a minha participação. Confesso que andei ali uns dias com um daqueles nervites miudinhos, aquela ansiedade aparvalhada, as palpitações desarticuladas e aqueles receios infundados. Mas depois pensei: "Afinal, alguém tem de ser o último!".
Antes do arranque... todos bonitos e cheios de frio! |
Domingo dia 9. Manhã fria e nevoeirenta. Saí de casa e pedalei até Fridão. Quando cheguei ao local da concentração ainda eram poucos os atletas e ciclistas aparcados. Encontrei logo o Pedro Pinto e o Carlos Gonçalves, de máquinas em punho para fotografar e gravar o evento. Alentaram-me, dizendo que fosse tranquila e sem problemas. O Ze K apresentou-me os dois elementos que iriam de "vassoura", Helder Pinto e António Teixeira. Os dois guardiões da retaguarda do passeio... precisamente onde eu fiz questão de me posicionar.
Os atletas do trail concentraram-se no primeiro pórtico. Os ciclistas/betetistas estavam no segundo. Olhei à minha volta e qual não foi o meu espanto quando concluo que não havia mais nenhuma mulher a participar neste passeio! " Mãezinha, a tua filha era a única pirralha, ali, sobre os pedais! Maluca!". Surgiu uma ambivalência de sentimentos: receio e orgulho. Vamos lá perceber isto!
Partida! Os betetistas seguiram atrás dos corredores, eu seguia atrás dos betetistas, apenas para não provocar acidentes.
UIII... que ela aqui vem! |
O percurso escolhido foi classificado com "dificuldade média". Mandei a média dar um giro e segui caminho. Entre campos escorregadios, caminhos de cabras, galhos espalhados, manta morta por todo o lado, seguia na roda de alguém. Alguns locais eram novidade para mim. Os chamados "singletracks", mas levava em mente que tinha de os fazer. "Concentra-te, tu concentra-te!". O António tentou acompanhar-me o máximo de tempo, mas uma ou outra situação que surgiu para socorrer alguém que "quebrou", fez com que tivesse de fazer uma parte do percurso sozinha. Orientada pela sinalética avancei por subidas manhosas, com muita pedra à mistura, seguidas de caminhos mais tranquilos e reparadores de energia.Tentava absorver o quadro que me rodeava. Entre o nevoeiro que se dissipava, surgia a vegetação ilumidada pelo sol envergonhado. Aquela visão encheu-me a alma. Aquela paz, onde ouvia apenas a minha respiração e os pneus a cumprimentar cada metro de chão...
Nas descidas sou (ainda) um tanto ou quanto medricas. Mais atenta e cautelosa os travões entraram em ação. Numa das descidas mais acentuadas dei boleia à bicicleta. Não queria causar danos nos pedregulhos. Típico de principiante. As subidas... bem, devagar, devagarinho sem ser quase parada, fi-las. Depois mandaram-me para a lama. Terrível! Parecia que alguém me estava a puxar para trás... mas "aguenta moça, que não há reboques".
Já na companhia dos "vassouras" e de outro betetista, pensando nós que encerrávamos o passeio, seguimos tranquilos, conversa aqui, risada ali, piada acolá e fotografia acoli...
Nuno, António, Moi Meme, Tóquim e Helder |
Miminho com a Rosa Soares |
Terminado o breve repasto, segui sozinha. Já conhecia o itinerário e despachei-me mais um "danoninho". Quer dizer, despachei-me até aparecer um ziguezague marado, técnico, curvado... só mesmo para calejados no assunto. O Pedro Pinto, o Carlos Gonçalves e o Helder quase disseram em uníssono "desmonta!!". Como não sou de contrariar ninguém, fiz-lhes a vontade. Voltei à carga uns metros abaixo. Dali ao campo eram mais uns escassos minutos. Cheguei ao pórtico acompanhada pelo Helder, achando que era a última. Fiquei surpresa ao ver mais 3/4 ciclistas a chegar depois. (vaidosa).
Cheguei.. inteira, sã e... feliz! |
Adiante... terminei um passeio fantástico, sem qualquer registo de queda, mas com a alma a transbordar de satisfação. Só temos a real noção do que somos capazes de fazer... ao fazê-lo.
Mais uma vez agradeço à Associação Fridão sem Limites pelo convite, pelo incontornável apoio, incentivo, alento e por nos terem proporcionado um percurso esplêndido.
Ao Helder e ao António, muito obrigada pela escolta e pela paciência. Obrigada, Pedro Pinto e Carlos Gonçalves, pelos registos fotográficos, vídeo e pelas palavras de apoio.
Ficou aqui a "rabiar" a vontade de participar num outro passeio, algures, por aí!