Walter Elliot
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Eu comigo! |
Mesmo impossibilitada de realizar qualquer tipo de prova, senti vontade de aqui expressar algo para que não me percam da lembrança em me ler.Para começar passo a explicar qual o real motivo da minha interrupção nas visitas ao asfalto.Tal como já tinha referenciado no post de 5 de janeiro, uma dor aguda na zona da anca obrigou-me a desistir do objetivo de cortar a meta na corrida dos reis. Após consulta obrigatória no ortopedista e realizados exames (ecografia e RX), o diagnóstico deste último podia ser mais simpático: "Ligeira esclerose subcondral acetabular bilateral.."Numa tentativa de traduzir isto em algo compreensível, "esclerose subcondral" é uma doença crónica nos ossos, principalmente na zona das articulações. Deve-se a um aumento da massa da densidade óssea devido à ausência da cartilagem hialina. É "acetabular bilateral" pois é na cartilagem dos acetábulos (estrutura óssea existente no quadril que se articula com a cabeça do fémur) de ambos os lados.Em suma, estou "ligeiramente" tramada!Feito o diagnóstico, o discurso do médico foi o expectável: descanso, sessões de fisioterapia e... Dolenio.Perante tal cenário, vi-me obrigada a manter-me sossegada durante duas semanas, até a dor atenuar e entrar na fase de dissipação. 2ª consulta: Já sem dores, podia efetuar caminhadas e bicicleta estática. Sem vontade para frequentar um ginásio consegui adquirir uma bicicleta estática, com várias e interessantes funcionalidades, para colocar as pernas em movimento. 3ª consulta: duas semanas mais tarde escutei o que ansiava ouvir: "Pode começar a correr, mas apenas em pista tartan e aumentar a distância apenas no caso de não sentir incomodo."Finalmente tirei as sapatilhas do armário e limpei-lhes o pó na pista do Complexo Desportivo da Costa Grande. Pretendia correr apenas 10 minutos, para testar a articulação. Mas além dos 10 vieram mais 7 e 3 km feitos. Senti-me como uma criança que recebe um presente por bom comportamento. Tive vontade de pular de contentamento. O animo voltou e a esperança de voltar às provas também. A partir daqui foi tentar alternar bicicleta com a corrida. Uma corrida controlada, realizada e orientada ao meus ritmo, à minha condição e à minha disponibilidade. Do coletivo passei a correr comigo! Seria um erro correr em grupo, nesta minha etapa. Uma aceleração inusitada provocada pelo entusiasmo pode arruinar a lenta recuperação que estou a tentar edificar.Mas o grupo já ressentiu esta ausência, embora lhes seja compreensível. Habituada a treinos pré definidos, horas marcadas e muita conversa pelo meio, ter de cortar com esta animosidade, mesmo que temporariamente, tornou-se estranho: é um pequeno espaço vazio, são conversas adiadas, as novidades desconhecidas, as "discussões" indiscutíveis... sinto falta!Atempadamente regressarei. Enquanto isso, a minha conjuntura física atual exige treinos solitários. Corro comigo e com os meus intentos e expectativas. Corro com a pretensão de lapidar a minha recuperação. Corro com a minha intensa vontade em poder correr mais. Corro pouco, mas corro. Não posso terminar sem deixar aqui um agradecimento muito especial a quem, de uma forma ou de outra, se preocupa comigo e vai questionando como está a decorrer a minha recuperação (além de me "darem na cabeça" se, por qualquer razão, abuso.)Agradeço também aos elementos do meu grupo, nomeadamente ao Fernando Cerqueira, pela preocupação em ligar e perguntar como progride a reabilitação.Em breve regresso... espero!!
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