quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Corro comigo!

"A perseverança não é uma longa corrida; ela é muitas corridas curtas, uma depois da outra."
Walter Elliot
Eu comigo!

Mesmo impossibilitada de realizar qualquer tipo de prova, senti vontade de aqui expressar algo para que não me percam da lembrança em me ler.Para começar passo a explicar qual o real motivo da minha interrupção nas visitas ao asfalto.Tal como já tinha referenciado no post de 5 de janeiro, uma dor aguda na zona da anca obrigou-me a desistir do objetivo de cortar a meta na corrida dos reis. Após consulta obrigatória no ortopedista e realizados exames (ecografia e RX), o diagnóstico deste último podia ser mais simpático: "Ligeira esclerose subcondral acetabular bilateral.."Numa tentativa de traduzir isto em algo compreensível, "esclerose subcondral" é uma doença crónica nos ossos, principalmente na zona das articulações. Deve-se  a um aumento da massa da densidade óssea devido à ausência da cartilagem hialina. É "acetabular bilateral" pois é na cartilagem  dos acetábulos  (estrutura óssea existente no quadril que se articula com a cabeça do fémur) de ambos os lados.Em suma, estou "ligeiramente" tramada!Feito o diagnóstico, o discurso do médico foi o expectável: descanso, sessões de fisioterapia e... Dolenio.Perante tal cenário, vi-me obrigada a manter-me sossegada durante duas semanas, até a dor atenuar e entrar na fase de dissipação. 2ª consulta: Já sem dores, podia efetuar caminhadas e bicicleta estática. Sem vontade para frequentar um ginásio consegui adquirir uma bicicleta estática, com várias e interessantes funcionalidades,  para colocar as pernas em movimento. 3ª consulta: duas semanas mais tarde escutei o que ansiava ouvir: "Pode começar a correr, mas apenas em pista tartan e aumentar a distância apenas no caso de não sentir incomodo."Finalmente tirei as sapatilhas do armário e limpei-lhes o pó na pista do Complexo Desportivo da Costa Grande. Pretendia correr apenas 10 minutos, para testar a articulação. Mas além dos 10 vieram mais 7 e 3 km feitos. Senti-me como uma criança que recebe um presente por bom comportamento. Tive vontade de pular de contentamento. O animo voltou e a esperança de voltar às provas também. A partir daqui foi tentar alternar bicicleta com a corrida. Uma corrida controlada, realizada e orientada ao meus ritmo, à minha condição e à minha disponibilidade. Do coletivo passei a correr comigo! Seria um erro correr em grupo, nesta minha etapa. Uma aceleração inusitada provocada pelo entusiasmo pode arruinar a lenta recuperação que estou a tentar edificar.Mas o grupo já ressentiu esta ausência, embora lhes seja compreensível. Habituada a treinos pré definidos, horas marcadas e muita conversa pelo meio, ter de cortar com esta animosidade, mesmo que temporariamente, tornou-se estranho: é um pequeno espaço vazio, são conversas adiadas, as novidades desconhecidas, as "discussões" indiscutíveis... sinto falta!Atempadamente regressarei. Enquanto isso, a minha conjuntura física atual exige treinos solitários. Corro comigo e com os meus intentos e expectativas. Corro com a pretensão de lapidar a minha recuperação. Corro com a minha intensa vontade em poder correr mais. Corro pouco,  mas corro. Não posso terminar sem deixar aqui um agradecimento muito especial a quem, de uma forma ou de outra, se preocupa comigo e vai questionando como está a decorrer a minha recuperação (além de me "darem na cabeça" se, por qualquer razão, abuso.)Agradeço também aos elementos do meu grupo, nomeadamente ao Fernando Cerqueira, pela preocupação em ligar e perguntar como progride a reabilitação.Em breve regresso... espero!! 
 
 


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