terça-feira, 30 de junho de 2015

Meia Maratona de Gondomar: ;)

Sou apologista de que as provas, quer meias maratonas quer de 10 ou 15 km, agendadas a partir do mês de abril até ao mês de outubro, deveriam ter início às 8h da manhã. Além de estar uma temperatura aceitável para correr a própria assistência médica teria bem menos trabalho, uma vez que haveriam menos atletas desidratados, com insolações e mais não sei quantas mazelas aliadas ao calor. Além disso, os atletas terminavam a horas decentes para tomar um banho e confratenizarem com os amigos. Isto sim, seria o ideal.

A Meia Maratona de Gondomar tinha hora marcada para as 10h da manhã. A minha esperança é que estivesse aquele nevoeiro tipico de zonas perto do mar. Nada disso! Um sol quente e a temperatura ambiente a rondar os 27º. Tranquilizava-me saber da existência de sombras ao longo do percurso.
Pequena mas grande equipa!
Acompanhada pelo Veríssimo, o Miguel Queirós e o Miguel Barros, chegámos à Marina do Freixo bem cedo. A Ana Martins teve a amabilidade de nos levantar os dorsais e o ponto de encontro era ali mesmo. Entretanto chega o Angelo para me acompanhar e servir de lebre durante a prova. Para completar a festa chegou o Gonçalo Pereira. Entre asneiradas e conversas do nada, a Ana chega e distribui os dorsais. Uma miúda fantástica! Bem, para completar esta fase tive o prazer de conhecer, pessoalmente, o António Cabral. Muito simpático (acho que ainda somos da família :D), atencioso e muito determinado. Muito gosto, mesmo.
Fui encontrando pessoas conhecidas, outras que me reconheciam e cumprimentavam. Falavamos como se nos conhecessemos desde sempre.  As maravilhas da corrida!
Encaminhamo-nos para a partida e eu sentia-me cada vez mais nervosa... receava o calor ao longo da prova. O meu desassossego prendeu-se com a má experiência que tinha vivido no fim de semana anterior (aquecimento anormal do corpo com nauseas e tonturas). Não queria passar pelo mesmo!
O Angelo acalmava-me com brincadeiras e dizia que não me iria faltar água. O tiro de partida demorava a ser dado. O calor apertava, tremia de ansiedade, doia a cabeça, a pulsação estava acelerada antes mesmo de iniciar a corrida. Sabia que só acalmaria quando ligasse o GPS debaixo do pórtico. 
Com 10 minutos de atraso disparou o pelotão rumo à conquista dos 21 km (outros dos 10 km). Segui calmamente e controlei o impeto de disparar pelo asfalto adiante. Segui serena e tranquila. Toda a ansiedade anterior dissipou-se. O Angelo não se calava, o Gonçalo ajudou na festa. Eu, menina disciplinadita, evitei, a muito custo, falar.
Com este miúdo foi festa durante 21km
Não precisei de água até ao 1º abastecimento o que significou que o meu hipotálamo estava a funcionar na perfeição. A partir dali foi sempre a aproveitar as sombras, a escutar alguns atletas a chamar por mim e desejar uma boa prova, a acatar as dicas que a minha "lebre" ia dando, a apreciar as maluqueiras que o Angelo fazia e sempre atenta ao ritmo. Aliás, ele fazia questão de me indicar sempre o  melhor caminho, além de ser um chuveiro ambulante. Sempre a deitar água, a perguntar se precisava de mais e um sem número de atenções para eu não ceder ao cansaço e manter a hidratação do corpo. 
Com isto tudo os kms foram sendo conquistados e senti que o ritmo estava aceitável, quase sem entrar em esforço. Nos últimos kms já senti-a o cansaço e o efeito do calor a tomar conta de mim, mas a minha "muleta" foi incansável na motivação. Só tinha duas opções: correr ou correr. No penúltimo km sinto um súbito enjoo e vontade de vomitar... inadvertidamente encosto-me à berma e só pensava: "Agora não. A meta é já ali. Aguenta rapariga!" Inspirei forte e acelerei até à meta.
Quase na meta...
1h 58m. Foi um tempo muito razoável, embora, quando terminamos, ficamos sempre com a sensação que poderiamos ter feito melhor. Mas fiz o aceitável  sem entrar em sofrimento. Não senti qualquer dor e o esforço foi sempre controlado. 
Sensação: Feliz
Com esta prova fiz as pazes com a Meia Maratona. Vigo foi um teste, Cortegaça foi recheada em desmotivação. Ontem tinha várias forças motrizes a incentivar-me. Os meus amigos e todos aqueles que por mim passavam e gritavam palavras de estimulo. Tinha também as palavras do meu "track coach" a dizer: " Vai com calma mas com determinação." já para não falar do guardião dos meus passos. Sem dúvida, uma prova fantástica!

Bons amarantinos e amigos!! TOP


Percurso: Agradável, onde o rio Douro nos brindava com as suas magnificas curvas. Algumas subidas mas nada de muito alarmante, embora, com o calor, tornaram-se dificeis. As sombras foram ouro e os atletas aproveitaram-se bem delas.

Organização: Razoável. Abastecimentos recheados de água, mas faltou isotónicos no 3º abastecimento e no final. Atraso no tiro de partida, e, num dia de calor como o de ontem, era evitável.
Após a meta não havia bananas, nem maçãs, nem isotónicos. Apenas água. Muito fraco neste aspeto. 
Para conseguir a medalha tinhamos que descer um caminho onde já circulavam os carros... pouco cómodo. Ainda lá vi uma bolas de berlim, mas pediam 1€. Não estou a ver os atletas a correr com moedas para depois ir pagar para comer algo após a prova. Insólito! Colocar chips na sapatilha já está ultrapassado. 
O público não foi muito efusivo, ao longo do itinerário. Tinham de ser os atletas a pedir aplausos. Só na parte final é que existia algum incentivo. 

Ambiente: Tipicamente de festa. Boa disposição, convívio, alegria, muita conversa e muita camaradagem. É disto que eu gosto. :)

Em suma: Terminei a temporada de provas contente por ter recuperado a motivação e força para correr. Gostei da prova pela importância que lhe tinha atribuido e conseguir os pequenos objetivos a que me propus.

Agradecimento: Redobro os agradecimentos aos meus colegas de viagem, que me deram força e até fotografias tiraram. A todos que por mim cruzaram e lançaram votos de boa sorte. Ao meu orientador dos treinos destas últimas 4 semanas e ao incansável Angelo. Obrigada a todos!
Este não se cansa!

Os próximos dias serão de descanso e, lá mais para a frente, iniciarei os treinos para a minha querida Maratona.

Até breve! ;)



sexta-feira, 12 de junho de 2015

Nada acontece por acaso


Somos seres um tanto enigmáticos. 
Começamos a correr por alguma razão ou motivo muito fortes. Ou então apenas porque vimos outros a correr e seguimos seus passos. Agarramo-nos à corrida como se fosse um dos bens mais preciosos que temos. 
Se, na fase primitiva, custa ter animo para correr, depois tornámo-nos dependentes das sapatilhas. A sofreguidão pela corrida é tanta que se chega ao ponto de anular ou alterar planos de fim de semana porque... há treino ou prova. Passa a ser a primeira opção entre inúmeras possibilidades.
Está a chover? Qual é o problema? É dia de correr, é para correr!
As temperaturas rondam os 30º, calor sufocante, quase não se respira... mas o corpo tem de se adaptar a tudo. É para correr!
Manhã ou tarde geladas. Os pés e as mãos doem de tanto frio. Ficava melhor no quentinho da casa? Talvez, mas se não correr o mau humor ataca! É para correr!
Sensação final: bem estar, boa disposição, criatividade no auge, corpo relaxado, alegria no coração e  uma lista infindável de aspetos positivos que, quem corre, bem conhece. 

Como somos seres emocionais, há alturas em que perdemos o rumo e... paralizamos. Deixamos de controlar a invasão de sentimentos negativos. A alegria é derrubada e sobrepõem-se a tristeza. O sorriso é substituido por uma fronte cabisbaixa e marcada pelo pranto. Olhar distante e vazio. Aperto na garganta e no estômago. Não há vontade em nada e tudo custa. Queremos estar no nosso canto pois ninguém tem de aturar as nossas "neuras". Apenas os amigos, aqueles verdadeiros amigos (raros) que nos escutam, dizem o que precisamos escutar e só não nos dão um par de estalos porque... não querem magoar as mãos.  
Correr? Não apetece... mas temos de ir. Mas não apetece... A custo se faz meia dúzia de quilómetros. No final aparece aquele bem estar de que falei. Mas é momentaneo. Em pouco tempo somos catapultados para o estado N. E os dias sucedem-se em mais do mesmo na zona de conforto. Quilómetros feitos, indiscriminadamente, para dizer que foram corridos. Não há objetivos... apenas correr porque é vicio e para afastar negativismos. Apanhar vento, sol ou chuva nas fuças, sentir as pernas doridas e buscar uma leveza de espirito transitória. 

Perante esta letargia, eis que surge uma força motivacional inesperada. Uma orientação cuidada e assertiva que não deixa margem para o desleixo ou para a indisciplina. Fazer quilómetros com inteligência! 
Irrompe um objetivo a atingir que nos obriga a sair, obrigatoriamente, da zona de conforto. Não há tempo para pensar em "parvoices lamechas". É acionado o filtro e adapta-se o "zoom" ao  propósito pretendido. 
Antes de cada etapa desponta um certo estado de ansiedade e dúvidas temporárias da nossa capacidade de superação.  Mas é tudo fruto da responsabilidade no cumprimento de cada estádio. Há um ajuste na disciplina, projeção da auto estima e as pequenas etapas são vencidas, uma de cada vez.

Sou daquelas pessoas que crê que nada acontece por acaso. Tudo tem uma razão de ser e acontecer. No entanto, nem sempre sabemos fazer a leitura correta no imediato. Mas o tempo, a seu tempo, elucida!
Em suma, há sempre uma "mão" que aflora e que nos levanta a cabeça, quando só vimos o chão. A razão disso? Um dia teremos a resposta.
Assim como necessitamos de olhar em frente, inspirar fundo, para recuperar o fôlego de um treino mais exaustivo, também, na vida,  temos de levantar a cabeça e descobrir o que o horizonte nos reserva... porque há sempre uma razão para continuar!