sábado, 22 de novembro de 2014

Meia Maratona de Amarante - Memória Futura!


No seio dos que atam os cordões e dão corda às sapatilhas, falar sobre uma Meia Maratona é tão comum como beber água. 
A vez e voz chegou para uma Meia Maratona que me está intimamente ligada, não apenas por se realizar na minha cidade mas, especialmente, porque estou envolvida na sua edificação e organização. Falo, claro está, da Meia Maratona António Pinto - Cidade de Amarante.

Origem
O intento de realizar uma prova desta dimensão, na cidade de Amarante, sempre foi o propósito de Jaime Pereira
Em 2013, num jantar de Natal o Jaime já tinha demonstrado essa vontade. No entanto, devido a fatores político-sociais, avançar com o projeto, nesse ano, seria inviável.
Janeiro de 2014. Mais um jantar de Natal e de grande convívio do grupo de veteranos de atletismo da ADA. Renovou-se aqui esse sonho: "Não queria encostar as sapatilhas sem ver uma prova de grande efeito e de grande dimensão nesta cidade."  - Jaime Pereira
Jaime Pereira 
Apesar de ter existido uma ligeira controvérsia  devido ao uso abusivo desta ideia, todos os presentes aprovaram, concordaram e ofereceram ajuda no que fosse necessário.
Altercações à parte, a verdade é que escutei a ideia e esta provocou-me um efeito alucinante. A minha mente não mais parou, até porque a contenda surgida tornou-se desafiante e impulsionadora.
Olhei à volta e não senti que alguém fosse agarrar na ideia e a levasse avante. Surgiram sim, sugestões de grupo de trabalho, onde eu estava incluída. Senti que estava perante uma enorme incumbência. As ideias eram chuva na minha mente! Descruzei os braços e decidi, em silêncio, agarrar a ideia!! No momento oportuno dirigi-me ao Davide, e perguntei: "Ajudas-me a levar isto avante?" Apesar de sentir alguma relutância ele aceitou o desafio. Sabia que podia contar com ele! O carinho e o respeito que sentimos pelo Jaime foram as molas propulsoras para assumir esta responsabilidade. Ele merece e iríamos fazer de tudo para conseguir realizar este sonho!!
O presidente da Associação Desportiva de Amarante, António Mendes, anuiu esta iniciativa com grande entusiasmo, alegando ser algo inovador e arrojado para a cidade e para a própria Associação. 
Alinhamos na apresentação do projeto em reunião com o Presidente da Câmara, José Luis Gaspar, e o vereador do desporto. O autarca achou-o audaz e apresentou a total concordância que o evento se realizasse na cidade. Alegou também que esta prova, dada a sua dimensão, deveria homenagear António Pinto. Atleta amarantino que levou Portugal ao mais alto nível no atletismo internacional.

Organização
Dado o desejado sim por parte do município, sucederam-se incontáveis reuniões do pequeno, mas formidável, grupo de trabalho para a edificação deste evento. 
Muitas horas têm sido dedicadas para que esta seja uma Meia Maratona de sucesso: Ideias trocadas, chamadas efetuadas, registos apresentados, textos trabalhados, imagens selecionadas, alternativas pensadas, observações referenciadas, alertas marcados, temas enumerados, opiniões analisadas, argumentos refutados, questões articuladas, conversas animadas e uma infinidade de tarefas agendadas.

Grupo organizativo:

António Pinto
António Pinto sentiu-se lisonjeado com a homenagem que lhe foi atribuída a esta prova, passando a denominar-se Meia Maratona António Pinto - Cidade de Amarante.
Numa tentativa de dar mais dinâmica e projeção à iniciativa, convidamos o homenageado a fazer parte deste projeto de forma mais ativa. Além de ser uma personalidade conhecida no mundo do atletismo, a sua experiência no terreno é premente para um desfecho positivo do evento.


Principais intervenientes: o mentor (Jaime Pereira) o homenageado (António Pinto)
 e a organização.

O Jaime Pereira, como principal mentor deste projeto, está também envolvido nesta empreitada, nomeadamente, na divulgação e promoção da caminhada solidária que está aliada à corrida. Habituado a lidar com as pessoas e a cidade, com o seu dinamismo e exigência peculiar, são fatores determinantes para agilizar esta vertente do evento.

Valias
Para alicerçar este evento obviamente que são necessários vários tipos de apoios e auxílios para que este seja viável. Além do enorme apoio dado pelo Município, há a parte técnica e logística a contratar. Não desfazendo a qualidade e profissionalismo de todas as empresas orientadas para este efeito, a nossa escolha recaiu para a FullSport. Uma empresa dirigida por Carlos Pereira e que apresenta infra estruturas de confiança que contribuirão para o sucesso desta jornada. 
Além deste préstimo, há também a cooperação das empresas locais que defendem a promoção do desporto e o reconhecimento da cidade como palco aprazível para uma corrida desta dimensão.

Breves
É a primeira edição desta prova, onde nós, elementos da organização, também somos estreantes. A aprendizagem é contínua, a ambição é moderada, mas a vontade e a determinação no êxito desta prova são soberanas. Falhas existirão sempre, mas temos a humildade de as aceitar e tentar corrigir e melhorar. 
Assim, é com muito orgulho que anuncio a 1ª Meia Maratona de Amarante! Está agendada para o dia 25 de janeiro de 2015, com hora marcada para as 10h 30m da manhã. Para quem não corre, pode sempre caminhar e, em simultâneo, divertir-se e apreciar a beleza da cidade. 
Qualquer outra informação está disponível aqui http://www.meiaamarante.pt/.
A A.D. Amarante sempre levou o seu nome a muitas cidades do país, com a participação dos seus atletas em imensas provas. Agora é a vez do país visitar e correr em Amarante.

Conclusão
Nunca me passou pela cabeça envolver-me numa organização de uma prova, muito menos ser a diretora da mesma. A responsabilidade é acrescida, mas, em simultâneo, é um desafio empolgante. Aguardo, com alguma curiosidade, o dia 25 de janeiro. Espero ver muitos atletas a pintar as ruas desta cidade, encontrar amigos, poder recebê-los na meta, felicitá-los pelo feito e agradecer-lhes a presença.
Espero, unicamente, que tudo "corra" bem! 



sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Maratona do Porto - Épica!

Introdução

Hoje falo da Maratona na primeira pessoa. A respeitosa distância de 42,195 km foi um alvo que consegui alcançar graças a 18 semanas de trabalho, minimamente orientado e com alguma disciplina. 
Tenho plena consciência que tenho limites e não tenho grandes antecedentes desportivos. Iniciei-me na corrida como subterfúgio, há pouco mais de 3 anos e acabei por me viciar. A Maratona nunca esteve nos meus planos e considerava algo que nunca iria conseguir fazer. Inscrevi-me em dezembro passado para criar um objetivo a alcançar (e para aproveitar a promoção da Runporto :)). Inscrição feita, sinónimo de meta a atingir.

Os guerreiros!
2 de novembro de 2014 - Acordei muito bem disposta, apesar das poucas horas dormidas. Estava confiante e determinada. Após me juntar ao grupo, seguimos para o Porto. Desta vez alinhamos 10 veteranos da ADA na maratona e 8 na Family Race.
O grande grupo!

A viagem até ao Porto não podia ser melhor. O Davide estava eufórico e foi diversão todo o caminho. Após a típica foto de grupo seguimos para os autocarros que nos levaram à partida. A curta viagem foi igualmente descontraída e hiper divertida. Um nervosismo miudinho pairava no ar e os risos eram espontâneos a qualquer comentário. 
O grande momento aproximava-se. Sentia-me motivada e aquele mundo de cor que os atletas davam à partida, encheu-me de energia positiva. Cruzei-me com o João Campos, uma figura inconfundível e simpática, autor de " Porque a vida não é só corrida!".
Entre um mundo de corredores, alinhei na secção C com o Davide. Decidimos fazer a prova juntos para nenhum quebrar. Éramos 3 os estreantes do grupo; eu (única mulher do grupo a alinhar), o Hélder Ferreira e o José Rocha (Nelinho).
As duas amarantinas prontíssimas!
O tiro de partida estava prestes a chegar porque esta música iniciou. Simplesmente divinal! Arrepiante! Fechei os olhos e escutei. Depois... avancei, feliz pelo passeio de emoções que me aguardava.
Rotunda da Boavista. Simulação de voo!
Eu e o Davide seguimos a um ritmo confortável e sem euforias. Fizemos os primeiros 10 kms quase sem os sentir. A cada km o Davide perguntava a quem pertencia (cada km 1 pessoa). Alguma conversa, surpresas à mistura (escutar o meu nome de um 4º andar de um prédio, não é muito comum!) "Obrigada, Olivia, pela grande surpresa e por teres acordado tão cedo só para me apoiares!! Adoro tu!!!" Este momento foi mágico e deu-me um alento inimaginável!
Fisicamente não me sentia mal, apenas um ligeiro incomodo num gémeo e na coxa esquerda. Ignorei e segui tranquila.
Alegriaa!
Ao km 15 outro momento extasiante: a separação dos atletas da Family Race e os da Maratona. É qualquer coisa de sublime. Seguiam os audazes!
A viagem prosseguiu sem grandes alertas, mas o gémeo ia refilando. Senti algum receio de uma dor mais forte. Senti medo de não conseguir... Tirei estas ideias da cabeça e segui com o Davide a dizer que me queria  ver com um sorriso no lado de Gaia.
Com 21 kms feitos senti algumas tonturas e dores de cabeça, aliado ao incomodo do gémeo. Abrandei o ritmo para tentar recompor-me. Concentrei-me na postura e nos atletas que corriam ao nosso lado. O Davide motivava e ajudava na tarefa de ignorar as mazelas.
Km 25, hora de verter águas. Não dava para adiar. Aproveitei para tomar um gel, beber água e comer banana. Seguimos tranquilos até à Afurada. As dores de cabeça e tonturas tinham desaparecido mas as pernas estavam a ficar teimosas. Não as escutei. Segui de queixo levantado e sorriso no rosto.
Outra surpresa me aguardava ao km 28. O meu amigo Marco estava no km que lhe tinha sido atribuído, de bicicleta e máquina em punho. As suas palavras foram mágicas: " Vamos Elisabete! Agora é a cabeça que corre!" Potente!! As pernas ganharam logo outra vida. Grande Marco!!
Logo à frente encontrei o João Lima. Aproximei-me de forma a poder dar um "hi five" e motivação.
Km 30 foi a altura de abrandar para abastecer e alongar o gémeo uns segundos. Este simples gesto foi determinante para os derradeiros kms até à meta.
Recomeçamos e depressa senti a dor a desaparecer. Apesar do cansaço próprio, senti-me com mais energia. Não segui pelo empedrado de Gaia. Aproveitei sempre os passeios para evitar danos.
Ao km 33 começo a sentir uma dor nas costas que me prendia o movimento da perna direita. Abrandei e o Davide ganhou-me um avanço de 10 metros. Precisava reencontrar o meu ritmo e ignorar a dor. Alinhei as costas e equilibrei a passada. Parar não estava nos meus planos.
Segui nesta luta até ao km 35. Aqui bebi isotónico, água e tomei um gel.
Próxima paragem: a meta... mas, se até então era eu que vinha a orientar as mazelitas da minha estrutura óssea, a partir dali foi o Davide quem começou a sentir algumas dificuldades nos tornozelos. Tivemos de abrandar. O tlm também tocou nessa altura a confirmar a presença dos nossos filhos na meta. Mais uma força a  puxar pelo coração.
A partir do km 39 o meu corpo teve uma reação inesperada: pernas leves, respiração controlada, energia em alta e dores... que dores??? Não sabia o que eram dores nessa altura. Aliás, também não foram assim tantas que senti até ali! Só tinha vontade de acelerar, mas o Davide estava em dificuldade para me acompanhar.
Olho o mar a ser atingido pelos relâmpagos. O céu cinzento e pesado fazia prever uma enorme chuvada... e choveu!!
No km 40, já debaixo daquele dilúvio surge o Jaime, de guarda chuva. Pedi para acompanhar o Davide. Seguimos rumo à meta.
A euforia tomou conta de mim, e aqueles 2 últimos kms corri-os como se tivesse a iniciar a prova... acho que estava anestesiada ou em piloto automático. Não senti o peso de 40 kms nas pernas!
Km 42 vejo o meu filho. Ele correu até mim e dá-me a mão. Naquele momento ouço a voz do grande amigo, José Belmiro, que estava ali para dar o impulso final "Força Elisabete, falta pouco!". Ter resistentes assim na linha da meta não é para todos!
Olhei para o meu filho e o coração disparou de alegria. Imensa alegria! As lágrimas misturaram-se com a chuva. As pernas voavam, indolores. O meu filho dizia "Força mãe, tu consegues!!! Mãe, tu conseguiste!!!
Terminei os 42,195 km  num momento Épico, único e inesquecível com a minha vida... o meu Rafael! Ainda não encontrei uma foto a provar este momento, mas o registo ficará gravado no meu coração, para sempre.
O Davide também teve o privilégio de cortar a meta com o filho, graças à esposa (Elisabete Gonçalves) que aguentou com os miúdos (o meu filho e o dele) debaixo da chuva diluviana. Eles sim, foram uns verdadeiros heróis.
Assim que terminei senti uma má disposição e seguiu-se uma sessão de tentativa de vómito. Talvez uma acidose metabólica, o certo é que depressa passou.
Senti a adrenalina ao máximo nível. Sem sombra de dúvida uma viagem emocionante e uma enorme vitória pessoal. Uma satisfação indescritível, que, por muito que tente escrever, nunca conseguirei transmitir em palavras o que se sente nestes momentos.
Merecida!!

Agradecimentos:
Após ter tomado a decisão de fazer a maratona, recebi muitas mensagens de força e de motivação por parte de amigos e conhecidos que, tal como eu, são loucos pela corrida. Também houve quem não acreditasse que eu seria capaz e duvidavam mesmo que eu cortasse a meta. Mas isso tornou-me mais forte. Canalizei toda a minha atenção na preparação e nas pessoas que acreditaram em mim.
 - Assim, quero agradecer aos meus seguidores deste blog um imenso obrigado pelo apoio que me deram em todas as etapas. (Ana Pereira, João Lima, Carlos Cardoso, Filipe Torres, o meu conterrâneo, Joaquim Costa, Silvio Horta... e todos os que lêem mas não comentam)
 - Um agradecimento especial a todos os que me acompanharam durante 42 km, no pulso direito. Cada um com uma característica e motivação próprias. Mesmo os que não puderam estar presentes, estiveram em pensamento e no coração.
 - Obrigada Marco Magalhães, por estares no teu km a injetar-me energia!
 - Obrigada Olivia, pela amiga que foste e que és!
 - Obrigada Belmiro, pelo alento especial na descida para a ribeira e na reta da meta!
 - Obrigada Jaime, por estar à nossa espera debaixo de forte chuva, para nos levar à meta!
 - Obrigada Elisabete Pinheiro, por estares com meu filho no final e... por tudo!
 - Obrigada Sr António e D. Engrácia, por esperarem por nós debaixo do dilúvio.
 - Obrigada a todos os atletas que se cruzaram por mim e deram um grito de incentivo.
 - Obrigada aqueles amigos que me ligaram e enviaram mensagem a saber se tudo tinha corrido bem!
Finalmente vai um enorme agradecimento ao grande amigo, Davide Pinheiro, que sempre me apoiou e participou em grande parte da preparação. Fazer a prova em sua companhia foi decisivo para o seu sucesso. Equilíbrio e moderação foram as palavras de ordem! Mil vezes obrigada!
Agora sou... Maratonista!

Um obrigada a todos os que conseguiram ler o post até aqui e terminaram a leitura com um sorriso!
Grande Maratona!


segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Na mira da Maratona - Meta 18

Última semana antes da Maratona. Se tinha de acontecer algo de inusitado e na tangente de me impedir de correr, foi nestes dias. Princípios de gripe e uma infeção quase arruinavam o meu sonho. A nível de treinos, praticamente nulos. Resolvi intensificar o meu treino mental e cuidar-me. Vejamos:
Previsto
Realizado
Segunda – descanso
Segunda – descanso
Terça- 5 km suave
Terçadescanso
Quarta- descanso
Quarta- 7 km 
Quinta- 6 km 
Quintadescanso
Sexta- 3 km
Sexta- descanso
Sábado- descanso
Sábado- descanso
Domingo- Maratona


Domingo- Maratona




Segunda – feira – Dia de descanso mas a iniciar sintomas de constipação.
Terça- feira – Confirma-se a constipação bem como um estado gripal pouco jeitoso. Dores de garganta, dores no corpo e com a cabeça a querer estar sempre encostada. Maus indícios. Combati logo com um anti inflamatório. 
Quarta – feira - Acordei melhor da mazela gripal. Decidi fazer um treino curto, no final do dia. Qual não é o meu espanto quando começo a sentir um forte incómodo na bexiga, indícios de uma infeção. Fiz na mesma o treino, mas sempre em sofrimento, tal era o mal estar.
Quinta – feira – Após ter passado uma noite pouco agradável, senti-me melhor durante o dia. Resolvi descansar.
Sexta – feira- Volta à carga o incómodo e as dores. Acrescido a isto estava o meu estado de dúvidas, de ansiedade e de algum nervosismo para domingo. Não esperei mais e fui ao médico. Resultado: uma enorme infeção urinária. Solução: antibiótico.
Sábado – Após a dose recomendada de medicação, senti-me bem melhor. Tirei o dia para relaxar, tratar da casa, estar com meu filho e jantar com amigos. 
Domingo – Embora tivesse dormido poucas horas, acordei bem disposta e muito confiante. Apesar de sentir um pequeno nervosismo, senti que iria conseguir. Após me alinhar, com alguns amigos, na partida, toda aquela envolvência fantástica, deu-me confiança acrescida. Parti feliz, corri feliz mas precavida e terminei imensamente feliz. Apesar da chuva que apanhei nos 2 últimos kms, não me tirou a satisfação de cortar a meta de mão dada com o meu filho. Esse sim, foi um herói em ter esperado pela mãe, debaixo de um dilúvio, para poder lhe dar a mão nos últimos metros. Foi épico, tal como previu o Carlos Cardoso. Obrigada Carlos!

Após 18 semanas de preparação, só consigo dizer que o saldo foi extremamente positivo. Não trabalhei para tempos, trabalhei para terminar. Consegui este grande desafio e sinto-me muito feliz por o ter conquistado. Definitivamente mudei a minha vida!! Sou MARATONISTA!!!!

P.S. Os pormenores da prova virão em breve.