quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Hoje faço 4 anos! ;)


Hoje celebro 4 anos de existência. Uma existência cada vez mais diversificada, dependendo das vivências e experiências da minha autora. Sim, porque deu-me à luz com o intuito de registar treinos e provas em que participasse, mas, atualmente, o reportório já sofreu algumas boas alterações. Confesso que, inicialmente meteu-me alguma confusão, mas depois encantei-me com as novas agregações que a minha administradora foi acrescentando à minha constituição física. Sinto-me um blog mais crescido, consistente e airoso.
Neste último ano a Elisabete (a Elisabete é a minha secretária, para quem não conhece!) enveredou por introduzir descrições e imagens dos trilhos e caminhadas que fez aquando da sua estadia no Belo Gerês. E se as descrições até eram interessantes pois ela até tinha algum cuidado em esmiuçar um pouco dos locais que pisava, as imagens eram divinais. Se quiserem certificar-se é só pesquisar-me e vão encontrar essas belezas tão naturais. E a despedida que fez do Gerês? Até eu, um singelo Blog, apaixonei-me (em sentido figurado) pelas inúmeras fotos que aqui foram adicionadas e pelas descrições e pelas aventuras e pelas emoções e... por tudo! 
Incluiu um novo rescaldo da II edição da Meia Maratona de Amarante, que, tal como disse, corresponde à nova vertente da Elisabete. Não correu a Meia Maratona da sua terrinha, mas em grupo, colocou gente a correr!
A rapariga meteu na cabeça que tinha de fazer a Maratona do Gerês. Então, todas as semanas batia-me à porta para fazer o registo semanal dos treinos. Ohh que raio de ideia! Mas ela ia dizendo que assim se sentia motivada, disciplinada e determinada a não quebrar e eu acabei por a compreender. 
Seguiu-se uma emocionante descrição da sua experiência na Maratona mais dura do Mundo. Só em ler o que ela escrevia já me sentia cansado. Mas no final acabei por admirar a sua determinação. 
Mas, eu estar aqui a resumir o que a Elisabete escreveu e publicou não tem muito interesse. Quer dizer, tem sempre, mas o mais aliciante é vocês consultarem  ou recordarem. 
Agora, entre nós, ainda estou para ver qual vai ser a prenda que vou receber!! Estou curioso... muito curioso! Enquanto aguardo, despeço-me de vocês, que me pesquisam e me lêem. Fico agradecido por perderem (ou ganharem) uns minutinhos com a minha companhia. (Ai se a Elisabete vê isto ainda fica com ciúme) :D :D 

Encontrámo-nos em 2017! 

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Maratona do Gerês: A magia do desatino!

"A lei da mente é implacável. O que você pensa, você cria; o que você sente você atrai; o que você acredita, torna-se realidade!" Buda

Hoje a história não será mais do que uma conclusão alongada das 13 semanas que aqui deixei registadas.
Ciente dos meus limites e das minhas modestas capacidades, apenas treinei com o humilde intento de terminar a apelidada, Maratona mais dura do Mundo, com um sorriso no rosto! E é com muito orgulho que vos digo: Consegui!!!

3 de dezembro, sábado. O Gerês já me aguardava com um belo almoço, entre amigos. Antes, ainda passei pela Vila, levantei o dorsal e encontrei o meu grande amigo e guia de trilhos, Jorge Lobo. Naturalmente houve atualização de novidades acompanhada por um café. 
Após o almoço ainda fui matar saudades pela serra, mas comecei a sentir algum incómodo e voilá... infeção urinária! Nem queria crer... Como é possível se bebi pipas de água durante a semana? Entre visitas à farmácia e um mau estar que só eu sei, ainda recebi a notícia de que o meu parceiro da jornada dos 42 kms, António Cabral, tinha sofrido um incidente, nesse mesmo dia, tornando impossível a sua presença na prova. A consternação tomou conta de mim! Tínhamos decidido fazê-la juntos... já antevia a diversão aliada ao sacríficio. Como se isso não bastasse, o apetite foi-se. Mal toquei no jantar!  Não era isto que esperava sentir na véspera da prova. Estava desanimada, nervosa e muito indisposta. Deitei-me com a dúvida se estaria em condições para fazer a prova... ou não. Só esperava que a medicação fizesse efeito...
4 de dezembro. A partir das 6 horas da manhã já estava alerta. Senti-me melhor e o incómodo tinha desaparecido. O medicamento fez o seu papel. Fabuloso! Fui tentar tomar um bom pequeno almoço, mas o estômago continuava a recusar os alimentos. Foi complicado convencê-lo que precisava de comida. 
Por volta das 8 horas segui para a partida. Fui encontrando pessoas amigas, como foi o caso do meu querido Hugo Daniel e do perneta simpático, Carlos Cardoso (autor da foto).

O irresistível sorriso do Hugo 
 Neste ambiente de festa, quem vou eu encontrar? Os meus queridos Tugas na Estrada! Conversa, abraços, boa disposição, palavras de ânimo e motivação foram os mimos que precisava para me  concentrar. Obrigada, Tugas! 
As mulheres gostam é de... conversar! 

Inês Gonçalves e Ana Paula Costa. Dois alentos maravilhosos!
 O vórtice de sensações era enorme que me confundia. Ora confiante, ora nervosa, ora espavorida, ora focada... mas tinha uma certeza: começar para terminar!
No grupo de partida fui encontrando caras conhecidas. Entre asneiradas e palermices (para aliviar a tensão) surge o sinal de partida. Passei o pórtico, O nervosismo retirou-se e deu lugar à tranquilidade. Entreguei-me à passada e ao desatino que tinha pela frente. Pensei: "Vamos, António. Temos 42 kms para rolar!"

Após 700 m já estavamos a trepar  o primeiro "muro". Rumavamos à conquista da Pedra Bela. Uma subida fabulosa que foi feita na companhia do Daniel Antunes. Nesta fase ainda dava para conversar, e ver as lebres que já tinham feito o retorno! Abastecimento da Pedra Bela. Laranja e uma noz de chocolate auxiliaram-me na descida.  Foi só alargar a passada e acionar os travões. 
Quando surgiu a divisão de provas, os maratonistas tinham agora 6 km a subir até Leonte.
Vamos lá subir, rapariga!
 Este percurso foi tranquilo e sem percalços. A exuberância da mãe natureza fez esquecer, por momentos, a soma dos quilómetros. O som da água, trazido pelo vento, a correr no rio Gerês, era o tónico anímico que me impulsionava montanha acima.
Da Casa de Leonte  (842 m) até à viragem para Vilarinho das Furnas, foi sempre a descer. Voltei a destravar acompanhada pela beleza outonal da Mata da Albergaria. Aquele cheiro inato e genuino da vegetação embriagava-me. A magia da mata cortava o efeito do esforço. Os quilómetros caíam no Gps e mal os sentia. Bebi nas fontes naturais que por ali se encontram. Fui presenteada pelo Pai Natal, por duendes flautistas e tocadores escondidos nos arbustos.
Duendes
Aqui ía acompanhada por um pequeno grupo. Uma paragem urgente para verter águas, isolou-me na corrida. Entretanto fui alcançada por um atleta que me acompanhou durante algum tempo. A certa altura comecei a sentir o estômago às voltas. Parei e... vomitei a laranja que tinha ingerido na Pedra Bela. Apesar do alívio, senti quebra no aporte energético. O Vitor (nome do atleta), não queria deixar-me, mas eu estava com dificuldade em acompanhá-lo e pedi que continuasse. Contrafeito, seguiu caminho. Prossegui devagar. Apesar de ter comigo alimentos, não conseguia comer!
As costas começaram a doer a partir daqui (26/27 km). Tinha que gerir o esforço pois sabia que iria fazer o resto da prova sozinha. Segui, tentando absorver o encanto do que me rodeava e esquecer as dores. Comecei a falar comigo para dispersar a ideia de desistir. " Elisabete, tu anda, arrasta essas pernas, porque vais ter de terminar, doa o que doer, custe o que custar" Fui andando, correndo, gerenciando a energia e a auto motivar-me. 
Abastecimento do Campo do Gerês (30 kms). Só faltavam 5 kms de subida, para depois ter 7 sempre a descer até à meta. Voltei a beber água... e tentei comer uma barra energética. Tentativa falhada. Sentia o corpo cansado a precisar de nutrientes mas o estômago negava-se. Admiravelmente, as pernas estavam bem mas poupei-me o mais que pude nesses 5 quilómetros. Fui recordando as pessoas que me apoiaram, incentivaram e acreditaram em mim. Alentei-me com esse pensamento. Abracei todas elas, guardeia-as no coração, levantei a cabeça e prossegui...
As costas continuavam a doer e o meu receio era que me prendesse a passada. Felizmente não aconteceu e, sempre que podia corria. " A meta é já ali, rapariga. Anda! Está difícil? Achas que se fosse fácil ías aqui sozinha? Vaii" . Não me recordo falar tanto comigo. Olhava à minha volta.  Eu e a serra. Os contrastes eram uma constante, a beleza imperava contra um corpo cansado a implorar paragem. Qual parar qual quê?? Estás parva? Tu não estás só. Tu aguentas porque és tu!"
Finalmente as curvas de S. Bento!! A pouca energia que tinha queimei-a naquela vertiginosa descida até à meta. As pernas responderam bem.  Já se ouvia a música na Vila. Sorri! Uma alegria imensa apoderou-se de mim.  Já nada nem ninguém me tirava o prazer de cruzar a meta.
Na última descida encontrei o Pedro Magalhães que não se poupou a palavras de encorajamento. Fabuloso! Ainda brinquei com um casal para me deixar passar e disse "deixem-me passar que tenho o caldo à espera!" Eles aplaudiram!
Dobrei a última curva e ali estava eu, na meta! Ohhh... que emoção! Vi o Vitor e consegui agradecer-lhe! Vi os fotógrafos e, num ímpeto, dei um pulo... e depois mais dois a pedido deles! Passei a meta com um sorriso que me encheu a alma e o coração! " Está feita, António!! Consegui! 


 A alegria de uma chegada.
O registo de um momento épico!
Com direito a entrevista por parte do Speaker e com uma receção fabulosa do José Capela e da minha ex aluna, Raquel, o voo tinha terminado! O Gerês foi dobrado!
Começo a sentir um refluxo instintivo direcionado ao vómito. O Zé  Capela auxiliou-me até normalizar. Momentos depois, e após ser felicitada por Carlos Sá, atirei-me à sopa do pote. Um mimo mais que merecido!

Derrubei assim 42 quilómetros de pura beleza no imenso Gerês, num misto de exuberância e dor, de encanto e sacrifício, de magia e provação.
Passar aquela meta foi surreal após todos os contratempos da véspera. A felicidade da conquista é indescritível. Realizar esta prova é um enorme teste de resistência e de coordenação de energias. Gerir a mente e não permitir que o cansaço se sobreponha à vontade.
Para quem vai, apenas para terminar, aqui não se fala em tempos. Fala-se na conquista ao alcance de poucos, no triunfo do desatino!

A todos que me apoiaram ( e sabem quem são) um obrigada bem do fundo do coração.

PS: Aos fotógrafos (que hoje sei quem são) Jorge Ferreira, Luis Carvalhido e Joaquim da Costa Faria pelos grandiosos registos fotográficos que nos permite recordar os momentos mais especiais das nossas jornadas. São um grandioso alento com a sua objetiva que nos arrancam sorrisos mesmo quando dói. Muito obrigada!










sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

13ª semana: Encerramento oficial da caça aos kms



Algures, a caminho do Miradouro da Boneca

Encerrei ontem (só escrevi hoje porque feriado é feriado) o programa de 13 semanas da suposta preparação para aquela que, segundo o cartaz indica, é considerada a maratona mais dura do Mundo. Linda, magnífica, apaixonante e inspiradora sei que é, dado o trajeto da mesma. Dura... se ainda tiver forças no domingo para falar, já vos direi qualquer coisa. :D
13 semanas (mas que raio de número! Não é que seja supersticiosa, mas gosto de números redondos, ditos pares) que foram aqui, cuidadosamente, registadas como forma de automotivação e disciplina. 
Se me custava sair de casa para treinar? Acho que se ficasse em casa e não cumprisse o definido, custaria muito mais. A consciência é tramada! 
Se foi complicado fazer os treinos, maioritariamente, sozinha? Foi antes um verdadeiro desafio e compromisso comigo mesma. Gerir o esforço e conquistar quilómetros entregues à minha vontade e aspiração. Todavia, a companhia que consegui ter nos treinos mais duros, foi, sem sombra de qualquer dúvida, imprescindível e encorajadora.
Se ansiava que cada treino terminasse? Desejava que iniciassem, pois, de uma forma ou de outra, tinha do os terminar.
Como me sinto agora que terminei este plano? Um misto de alívio e saudade. 
Se me sinto preparada para o grande desafio? Sinto-me mentalmente preparada, fisicamente confortável e, emocionalmente com aquele formigueiro estranho no estômago  (vocês entendem).
Divagações à parte, esta última semana resumiu-se a 2 treinos tranquilos, embora o de terça feira parecia que tinha asas nos pés. Curto (8 km) mas mais rápido do que o habitual.
O treino de quinta feira foram uns 9 kms tranquilos para ativar a circulação.  Depois uma massagem digna de atleta feita pela magnífica fisioterapeuta, Lenea Cardoso... estou pronta para a serra! 
O próximo post será dedicado ao dia 4 de dezembro... seja qual for o resultado e assim que eu esteja minimamente restabelecida do empeno.
Desde já deixo um imenso agradecimento a quem me tem apoiado e deixado, de várias formas, palavras de incentivo, apoio e motivação. 
Até lá... ;)